Museu do Vaticano - Itália: O que os brasileiros andam ensinando por aí

A Itália era um grande sonho de viagem. Quando fechamos as passagens em Novembro de 2013 chorei como se tivesse enfim recebendo o retorno de tudo o que plantei. Ainda faço um post sobre esta incrível viagem de ano novo.

Mas o que quero contar meus amigos, não é sobre a viagem e sí, mas sobre algo muito muito curioso que aconteceu comigo.
Numa segunda muito ensolarada, para aproveitar o bom tempo que estava em Roma, decidimos encarar a fila enorme para a entrada do Museu do Vaticano. No domingo, dia da santa missa, já havíamos tentado entrar, sem muito sucesso.

Pra quem não sabe, lá no museu que fica a capela Sistina, concluída em 1481. Uma das obras mais emblemáticas da igreja católica.

Um pouco antes do almoço, algo em torno de 11:30 da manhã a fila já devia ter cerca de 2 quilômetros e umas 600 pessoas. Sério, não estou brincando, chegada a ser ridículo. Existe um sistema de compra da entrada pela internet que permite que você agende o horário da entrada, o que evita a fila. Mas como a viagem foi fechada às pressas, não conseguimos comprar a entrada com antecedência.

Entrei na quilométrica fila e atrás de mim entrou um australiano que devia ter cerca de uns 20 anos e 2 metros de altura. Ele puxou papo, perguntou se já havia visto o papa, há quanto tempo estava em Roma, o que já havia feito e se tinha dicas sobre o lugar. Depois de 1 hora de fila já éramos melhores amigos. Ele me contou que era nadador na austrália e que juntava dinheiro apenas pra viajar.

Andando, vimos algumas pessoas às margens da fila vendendo algo que parecia uma "credencial". Estas pessoas praticamente tiravam da fila os interessados a fechar uma espécie de "serviço de guia" pelo museu do Vaticano, e os colocavam na cara da entrada. Vimos isso acontecer umas quatro vezes. E então, o australiano, com todo seu inglês me perguntou: Would that be a "Pega-trouxa"?
Eu não entendi a pergunta. Pedi para ele repetir umas duas vezes. "Yes, yes, pega-trouxa, when you fool someone".
Devo ter ficado uns dois minutos tentando processar o que ele havia me perguntado. Ele disse em bom português "pega-trouxa"? Sim meus amigos, o australiano que não sabia falar português, havia acabado de me perguntar se aquele sistema de tirar alguém da fila e colocar em frente a entrada não seria o "jeitinho brasileiro".

Perguntei onde ele havia aprendido aquela expressão e ele me disse que conheceu um brasileiro na Austrália que o havia ensinado que sempre que alguém tenta trapacear ou iludir outra pessoa poderia-se usar a expressão "Pegar-trouxa". E o que é pior, que esta situação era muito comum no Brasil.

Este é meu amigo-de-fila

Fiquei um pouco decepcionada. Dentre as tantas coisas que podemos ser embaixadores do nosso país no mundo porque insistimos em propagar o que não é legal?

Quando for ao exterior e alguém lhe perguntar como é o Brasil enalteça o que temos de melhor e lembre-se que a única referência do nosso país para um estrangeiro provavelmente será você. Conte a ele sobre nosso verão que nunca acaba, das praias com água de coco e de um povo amistoso e feliz, e please, parem de propagar que o Brasil é o país do Pega-trouxa. Isso definitivamente não é legal.